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Danças Tradicionais Nacionais

Portugal possui uma enorme variedade de tradições e costumes num pequeno espaço. Tal facto fez com que, ao longo dos séculos, cada região ou cada pequena vila ou cidade tivesse desenvolvido diferentes tradições daquelas dos seus vizinhos mais próximos. As danças populares são algumas das tradições portuguesas mais originais e mais autênticas.


Elas representam vários aspectos do quotidiano do povo português, desde as formas de relacionamento aos rituais de domingo ou aos trajes utilizados diariamente no trabalho. Associada às danças está também a música popular e o uso de instrumentos típicos sendo que um instrumento sobressai e é utilizado em quase todas as regiões e em quase todas as danças: o acordeão.


Há, no entanto, uma dança que se diferencia de todas as outras: a dança dos pauliteiros de Miranda, que tem as suas origens nos rituais antigos de emancipação dos jovens rapazes e das guerras entre diversos clãs. Descubra 11 danças tradicionais portuguesas.


1. Corridinho


Nasceu nos primeiros anos do século XX e teve origem numa dança de salão, que nasceu em meados do século passado algures na Europa oriental, e foi trazida para o Algarve por um espanhol, de nome Lorenzo Alvarez Garcia, que decidiu cortejar a louletana Maria da Conceição, dedicando-lhe La Azucena, uma polca. É então que nasce o corridinho como dança de cortejo.


Um instrumento fundamental para esta dança é o acordeão, que chegou ao Algarve nos finais do século XIX e que se popularizou rapidamente e enriqueceu os repertórios locais. Aos poucos, as danças de salão em voga, como as polcas e as mazurcas, passam a entrar nos bailaricos do campo, com os tocadores a inventá-las e reinventá-las, acabando por nascer assim o corridinho como hoje o conhecemos.


Esta dança é bailada com os pares sempre agarrados, formando uma roda com as raparigas por dentro e os rapazes por fora. Conforme gira a roda, os pares evoluem de lado, e, a certa altura, os pés batem no chão com mais vigor, prosseguindo a roda de seguida. Mais adiante, os pares bailam agarrados, girando no mesmo lugar, e depois a roda retoma a sua evolução, sempre para o lado direito.



2. Bailinho da Madeira


O bailinho da Madeira, tal como é conhecido no continente, consiste num grupo vestido com o traje típico da ilha, e que dança em torno do brinquinho, um instrumento composto por um grupo de 7 bonecos de pano em trajes regionais, com castanholas e fitilhos que se dispõem na extremidade de uma cana de roca, e que se anima por movimentos verticais na mão do portador.


Mas existe um outro bailinho, que surge nos arraiais típicos da ilha, onde se canta ao desafio e dança em coreografias inventadas no momento, divertimento que tem o nome de brinco. Neste caso, não é necessário traje, basta querer entrar para a roda.


Ao som da viola ou da braguinha, o povo canta ao desafio e improvisa certames poéticos. O mote é dado pelo tocador, e depois cada elemento tem de completar a roda, até voltar ao ponto de partida. O mote são 2 versos de uma quadra – a pessoa que se segue deve responder de forma a completar tanto a rima como o assunto.




3. Pauliteiros de Miranda


Nesta dança, existem grupos de 8 homens que vestem saias e têm paus. Com os seus saiotes brancos, lenços e chapéus, os pauliteiros transportam uma tradição que ainda hoje defendem com unhas e dentes, com as letras, os passos e os trajes a manterem-se fiéis à sua origem. Mas afinal, qual é a sua origem?


Para algumas pessoas, trata-se de uma dança guerreira que descende dos tempos greco-romanos, e que foi sendo adaptada ao longo dos tempos. Segundo esta perspetiva, os paus não seriam mais do que a substituição do escudo e da espada.


A dança mais típica e tradicional chama-se “campanitas de Toledo”, e tem uma forte influência espanhola, bastante evidente na letra, que fala das igrejas mais importantes de Espanha e da gastronomia. Nesta dança, não faltam as principais maneiras de bater os paus: “pau picado” (ou seja, bater no próprio pau antes de bater no do colega), o “pau por baixo” (da cintura) e o “pau por cima”.




4. Fandango


A história desta dança vem já de longe. Apesar de, no século XVI, Gil Vicente usar o termo “esfandangado”, não se sabe se a sua utilização tivesse algo a ver com o que hoje conhecemos como o fandango. O que sabemos é que em setecentos, com as influências vindas de Espanha, mais especificamente do teatro, esta dança virou uma autêntica moda no nosso país.


Primeiro contagiou os círculos da aristocracia, como dança de salão, e depois passou para as tabernas, tendo inclusive chegado a conventos, sendo nessa altura dançado também por mulheres, que rodopiavam ao som da música e do estalido dos dedos.


A voluptuosidade com que era dançado era tal que o fandango acabou por ser caraterizado como uma dança obscena, que servia de instrumento de sedução. Mesmo assim, na segunda metade do século XVIII viveu-se uma onda de obsessão pelo fandango, que se estendeu a todo o país, sendo dançado no Minho, no Douro litoral, na Beira interior e na Beira litoral, onde ainda em inícios do século se tocavam fandangos nos arraiais. Apesar disso, foi no Ribatejo que eles ficaram conhecidos como tal.




5. Vira do Minho


Esta é a dança rainha do Alto Minho, com as arrecadas e os fatos minhotos a completar o cenário. Os pares encontram-se dispostos em roda, de braços erguidos, e vão girando no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, com os homens a avançar e as mulheres a recuar.


Esta situação arrasta-se até que a voz de um dos dançarinos se impõe, gritando “virou”, altura em que dão meia volta pelo lado de dentro e se colocam frente a frente com a rapariga que os precedia. Tudo isto se repete até todos trocarem de par, ao mesmo tempo que a roda vai girando no mesmo sentido, embora haja outras variações com marcações mais complexas.


Esta dança é conhecida por muitos nomes, como o vira, o fandango de roda, o fandango de pares, ileio, tirana, velho, serrinha, estricaina e salto, entre outras. Viana é muito conhecida quando se trata de encenar o vira, mas não é a única. Por exemplo, em Braga surge-nos o vira galego, e, caminhando pela costa em direção a sul, podemos encontrar o vira de seis, em terras de pescadores.




6. Vira da Nazaré


Em terra de pescadores, o mar é quem mais ordena, e é dele que depende o dia-a-dia e bem-estar. Como forma de expressar tudo isso, os pescadores e suas mulheres deram sempre primazia à música e à dança, como provam os diversos ranchos folclóricos que foram surgindo na Nazaré.


Em tempos antigos, quando vinham da faina do mar, os pescadores pegavam no harmónio, num cântaro, num abano de assar a sardinha, numa garrafa e num garfo, nuns ferrinhos, e em velhas violas e flautas e partiam para a folia, para as festas da Senhora da Luz, São Brás e de Santo Amaro.


Cada peça de roupa com que se encena o vira tem um significado próprio. Assim, os homens vestem a camisa de xadrez e as ceroulas de trabalho, colocam o barrete na cabeça (que serve para levar tabaco e dinheiro e proteger do sol e do frio) e rematam com uma faixa na cintura, que na faina tem a função de corda, caso alguém caia ao mar.





7. Moda das Saias


Esta é uma dança popular, bailada principalmente no Alto Alentejo, mas também em regiões do Ribatejo, Beira baixa, Beira litoral, Estremadura, Beira alta e Douro litoral. No entanto, é mais caraterística daquela região que outrora pertenceu à Estremadura, que engloba Tomar, Pombal, Ansião, Figueiró dos Vinhos, Chão de Couce, Avelar, e etc.


Esta dança é sincopada e às vezes tem marcador. Algumas pessoas pretendem aparentar esta dança com a dança espanhola da Andaluzia, que é conhecida pelo nome de “saeta”. No entanto, não parece que esta ligação seja verdadeira, já que as saias são uma dança profana e de divertimento, e a “saeta” é uma dança acompanhada de canto litúrgico e que é bailada no ritual das procissões.




8. Chula Rabela


Era muito comum em casamentos, e começava por ser dançada pelos noivos, para dar início ao baile, mas depressa se estendia a todos os participantes. Esta dança põe à prova a resistência física dos participantes, e muitas vezes os mais velhos iam saindo para descansar, com a chula a continuar com os mais novos que iam entrando.


A região do Douro Sul é uma zona de malhões, chulas e contradanças, com a Chula Rabela a ser uma das danças mais características da aldeia de Pias. Com ela, os cantores improvisam uma desgarrada, acompanhados pelas violinos e violas, enquanto os dançarinos mostram os seus dotes artísticos.



9. Bailarico Saloio


É uma dança popular que se baila na região que se estende do Alcoa ao Sado, ou seja, em toda a região estremenha. É conhecida sobretudo nas regiões de Torres Vedras, Caldas da Rainha, Malveira, Sintra e Mafra, onde se chama “dança saloia”, mas também é praticada no Alentejo, Ribatejo (onde tem o nome de “bailharico”) e Algarve.


É uma das danças mais típicas e características portuguesas, sendo bastante ritmada e muito movimentada, embora se usem movimentos simples, num reflexo da genuinidade e pureza portuguesas.




10. Farrapeira


Não sabemos desde quando o povo baila a farrapeira, mas ao que parece, é uma dança bastante antiga, com o seu aspeto musical a aparentar-se com as mais antigas danças do nosso povo. Esta é uma dança do interior nortenho, com a melodia assemelhar-se à caninha-verde, e que exige um marcador espirituoso. No entanto, apesar de ser uma dança típica das Beiras, é também bailada no Ribatejo.


Esta dança ritmada é acompanhada da guitarra, e em algumas regiões, usa o pífaro e a gaita-de-foles. Esta é uma das raras danças populares portuguesas cujo refrão é instrumental. Pensa-se que a farrapeira era uma dança burguesa que o povo adaptou, até porque tem o ritmo da polca e a marcação faz lembrar as quadrilhas, que são danças de salão. Assim, no final de contas, a farrapeiro mais não é do que uma quadrilha campestre.




11. Tirana


Apesar de uma melodicamente ser uma dança do sul, a verdade é que ela se dança exclusivamente do Minho à Beira litoral, especialmente na região de Coimbra (chama-se tiranas às tricanas de Coimbra).


O ritmo desta dança é valseado, sendo ela muito dançada no nosso teatro ligeiro musicado e nos ranchos folclóricos, embora nestes casos seja erradamente chamada de vira. A tirana pode ser só cantada, como cantado e bailada, ou ainda bailada acompanhada apenas por um conjunto instrumental.






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